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Desenrola: renegociações de dívidas batem recorde de volume em dois meses

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Brasil – Com o ‘Desenrola Brasil’, em dois meses, 4.455.172 brasileiros negociaram 6 milhões de acordos para quitar dívidas pelas plataformas da Serasa. Já o total de negociações bancárias chegaram a R$ 14,23 bilhões entre 17 de julho e 22 de setembro, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

“Os últimos 60 dias foram os maiores em termos de volume de negociação de dívidas da história da Serasa”, afirma Thiago Ramos, coordenador da empresa.

Segundo ele, o programa do governo federal e os grandes descontos oferecidos pelos diversos setores potencializaram o debate sobre o tema das finanças pessoais e impulsionaram os acordos. “É o melhor momento para negociar dívidas no Brasil”, acrescenta.

De acordo com a Serasa, as empresas credoras entenderam o momento do consumidor brasileiro e proporcionaram ainda mais descontos. Melhoraram as ofertas e geraram números positivos não apenas nos débitos com instituições financeiras, mas também nas pendências com varejo, telecomunicação e outros setores da economia.

“Vou dormir tranquila sabendo que posso ter o nome limpo. E vai me ajudar a ter a oportunidade de conseguir crédito e fazer algum plano no futuro”, afirmou a aposentada Dalva Maria de Jesus Souza, de 59 anos. Ela negociou dívida de banco de R$ 6.000 por R$ 2.000, parcelada em 12 vezes, além de outras duas com varejistas, de R$ 600 por R$ 200.

O Mapa da Inadimplência da empresa mostra queda na representatividade das dívidas de banco. Os débitos com instituições financeiras, segmento que costuma liderar o volume de inadimplentes, caíram 1,8%, passando de 31,1% em junho para 29,5% em julho e 29,3% em agosto.

Para a Febraban, não é possível comparar os efeitos do programa com os de outros mutirões de dívidas realizados anteriormente. “O Desenrola possui características próprias, que não permitem comparação com outros programas de renegociação de dívidas dos bancos”, afirma em nota.

A instituição recomenda a quem aderir ao programa que avalie as condições da renegociação para evitar o não pagamento, uma vez que, sobre o valor não pago, incidirão encargos, como, por exemplo, juros de mora e multa por atraso, além de possível negativação pelo valor que deixar de pagar.

Ramos ressalta que é importante ficar atento às fraudes, porque fraudadores estão se aproveitando deste momento para abordar consumidores por WhatsApp ou telefone. “A Serasa não aborda ninguém e não procura ninguém diretamente. O consumidor é que precisa acessar os canais oficiais para negociar, pelo site, aplicativo ou agências dos Correios em todo o país”, afirma.

Como negociar dívidas

• Programa Desenrola
O programa, que vai estar vigente até 31 de dezembro de 2023, tem duas faixas de beneficiados. Ele começou pela faixa 2, destinada a pessoas físicas com renda acima de dois salários míninos (R$ 2.640) até R$ 20 mil e dívidas em banco sem limite de valor. A negociação é feita diretamente com bancos ou a Serasa.

Já a faixa 1, voltada para pessoas físicas com renda mensal de até dois salários mínimos ou que constem no CadÚnico (Cadastro Único dos beneficiários dos programas sociais do governo federal), com dívidas de até R$ 5.000, deverá começar na primeira semana de outubro. A negociação será por meio de plataforma.

• Serasa
Site: www.serasalimpanome.com.br
App Serasa (disponível no Google Play e na App Store)
WhatsApp: 11 99575–2096

• Febraban
Na Plataforma Meu Bolso em Dia Febraban, há orientações sobre vida financeira

Os cuidados na hora de negociar
“É importante que os consumidores saibam calcular como podem negociar e os impactos de financiamentos que as parcelas dessas negociações terão em seus orçamentos, antes de fechar acordos, pois, na maioria dos casos, a solução é momentânea e as pessoas não conseguem arcar com os acordos firmados”, avalia o presidente da ABEFN (Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira), Reinaldo Domingos. Veja as orientações a seguir:

1. Colocar na ponta do lápis todas as dívidas que possuir, separando as que correspondem a serviços e produtos de necessidade básica, que não podem ser cortados (como água, energia elétrica, gás e aluguel), e as que sofrem juros mais altos (como cartão de crédito e cheque especial), considerando estas como prioridade para pagamento. Antes de sair se enrolando para pagar, execute um diagnóstico financeiro, para saber como pode diminuir as despesas mensais, fazendo sobrar dinheiro para pagar as dívidas em atraso;

2. Anote todos os gastos que tiver, separando-os por tipo de despesa. Isso inclui gastos “pequenos”, que podem até ser considerados menos importantes, como gorjetas e guloseimas, pois no final do período será possível compreender de que forma, efetivamente, seu dinheiro está sendo gasto. Reflita sobre os hábitos e comportamentos que o levaram a chegar a essa situação, assim saberá o que deve mudar e quais gastos precisa reduzir ou eliminar;

3. Tenha em mente que só se deve negociar uma dívida quando se tem condições de fazer isso, ou seja, após se planejar, pois um passo precipitado pode até piorar a situação. Portanto, só deve procurar um credor quando já souber quanto terá disponível mensalmente para pagar e, então, poder negociar;

4. Trocar uma dívida por outra nem sempre é a melhor alternativa. É claro que o programa Desenrola Brasil, por exemplo, oferece juros baixos em comparação aos do cartão de crédito, cheque especial e financiamentos; contudo, é preciso entender o que está relacionado e esses acordos, pois eles podem desencadear novos endividamentos e problemas ainda maiores, virando uma bola de neve;

5. Para não agravar a situação, antes de realizar qualquer compra, faça a você mesmo algumas perguntas, como, por exemplo, “Eu realmente preciso desse produto?”, “O que ele vai trazer de benefício para a minha vida?”, “Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência, baixa autoestima ou influência de terceiros?”. Ao fazer isso, terá uma grande surpresa sobre a quantidade de coisas adquiridas apenas por impulsividade;

6. Em momentos de crise financeira, que são passageiros, é importante resgatar sonhos, objetivos que realmente importam e que farão a pessoa ter ainda mais motivos para “dar a volta por cima”. É preciso relacionar no mínimo três sonhos: um de curto prazo (a ser realizado em até um ano), um de médio prazo (entre um e dez anos) e outro de longo prazo (acima de dez anos), sendo que um deles deve ser o de sair das dívidas; e

7. Com os números do diagnóstico financeiro em mãos, é possível conhecer a sua força de poupança após os cortes para realizar o sonho de sair das dívidas sem que tenha que fazer outra dívida. Mês após mês, é preciso aplicar esse dinheiro em um investimento que seja coerente com o tipo de objetivo (prazo) e o perfil do investidor. Caso tenha dificuldade para investir, é válido consultar um especialista.

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