Na semana que marca o Dia dos Povos Indígenas (19 de abril), um levantamento do Instituto Semesp, centro de inteligência analítica criado pela entidade que representa as instituições de ensino superior no Brasil (Semesp), revelou que a participação de povos indígenas no ensino superior brasileiro aumentou 374% entre os anos 2011 e 2021, enquanto o crescimento dessas populações no país foi de 66%. O Instituto Semesp considerou as bases de dados do Censo Demográfico 2010 e do balanço do Censo 2022, do IBGE, e também do Censo da Educação Superior, do Inep.
De acordo com os dados, havia no Brasil 896 mil pessoas que se declaravam ou se consideravam indígenas, das quais, 572 mil (63,8%) viviam na área rural e 325 mil (36,2%), na área urbana. Em 2022, essa população saltou para mais de 1,4 milhão, conforme balanço parcial do Censo 2022, mostrando um aumento de 66%. O salto nas matriculas de descendentes de povos originários, no entanto, foi de 374% no mesmo período, e a rede privada é responsável por 63,7% desses estudantes e a modalidade presencial por 70,8%. Em 2021, havia pouco mais de 46 mil alunos que se consideram indígenas, o que representa apenas 0,5% do total de alunos no ensino superior.
O levantamento registrou também que 55,6% dos alunos indígenas são do sexo feminino, embora a presença masculina seja predominante dentro das Terras Indígenas (51,6%), e que 13,1% desses alunos estudam no Estado de São Paulo.
Para a presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, os números mostram um aumento significativo do acesso de alunos que se autodeclararam indígenas no ensino superior. Por outro lado, a representatividade de povos indígenas ainda é baixa dentro do universo total de alunos, apenas 0,5%. “Esse universo tende a aumentar, com o maior acesso dos povos originários ao ensino universitário. Essa diversidade representará um estímulo contínuo para o reconhecimento na Educação Superior da força dos nossos ancestrais e sua rica cultura, saberes, valores e vínculos para a melhoria ambiental e social. Com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, cresce a expectativa de formulação de políticas públicas que ampliem o acesso e possibilitem a permanência de estudantes indígenas”, disse a presidente do Semesp.
Cursos com mais Matrículas no Ensino Superior
As áreas do conhecimento com maior número de alunos que se declaram indígenas são “Educação” e “Saúde e Bem-Estar”, que representam 52,7% do total de matrículas. Entre os cursos presenciais, os mais procurados estão Direito (10,6%), Enfermagem (6,7%) e Pedagogia (5,7%). Já entre os cursos EAD, Pedagogia (21,3%) e Administração (7,0%) são os que possuem mais alunos.
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Ingressantes no Ensino Superior
No Brasil, entre os anos 2011 e 2021, houve um salto de 444% no número de ingressantes (calouros) que se declaram indígenas no ensino superior. A rede privada é responsável por 78,8% e a modalidade EAD por mais da metade (56,9%) desses ingressantes. Em 2021, havia pouco mais de 14 mil calouros que se consideram indígenas, o que representa apenas 0,4% do total de ingressantes no ensino superior.