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Artistas indígenas do Amazonas serão destaques na Primeira Bienal das Amazônias

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Manaus – Duhigó (Tukano), Iwiri-Ki (Apurinã) e Sãnipã (Apurinã/Kamadeni) representadas pela Manaus Amazônia Galeria de Arte, e Keila Sankofa, Manauara Clandestina e Uyra Sodoma, são as artistas visuais amazonenses que estarão participando da 1ª Bienal das Amazônias, que inicia nesta quinta-feira, às 19h, na Rua Senador Manoel Barata, 400, em Belém, no Pará. A exposição vai até o dia 5 de novembro, apresentando obras de arte de 120 artistas de oito países da Pan-Amazônia, além da Guiana Francesa. Do Brasil, estarão presentes representantes dos nove Estados da Amazônia Legal.

Mulheres são destaques na exposição

O corpo curatorial da Bienal é composto por três mulheres, Keyna Eleison, Sandra Benites e Vânia Leal, única curadora da Amazônia brasileira. Elas assinam o corpo curatorial da amostra de artes, intitulado “Sapukai”, palavra da língua Tupi que pode ser traduzida para o português como “grito”, “clamor” ou “canto”. Os artistas que comporão a mostra foram selecionados por Sapukai com o intuito de assegurar a representatividade de todos os povos formadores da Pan-Amazônia, além da proposta de despertar a reflexão sobre como se faz arte na região, sem estereótipos. O tema da exposição é “Bubuia: Águas como Fonte de Imaginações e Desejos”.

“A lista foi construída olhando para uma Amazônia profunda, que tem a perspectiva de que não existe uma produção amazônica e sim um rizoma de multifacetadas individualidades. Olhar por este caminho traz um projeto de discussão sobre a Amazônia, que leva em conta atores geopolíticos e suas pluralidades culturais. Meu olhar sobre os percursos curatoriais superou fronteiras legais com um compromisso com o contexto Amazônico”, ressalta Vânia Leal, que soma no currículo várias curadorias feitas por todo o país.

Já a curadora Keyna Eleison destaca o fato de as obras escolhidas refletirem histórias individuais e coletivas dos artistas, assim como percursos artísticos bastante diversos. “Vai ser possível observar como as particularidades das obras conversam entre si. Essa lista de artistas constrói vários movimentos nesse sentido, várias personalidades nesse lugar, então, ela não tem uma definição fixa, está no movimento em si”, analisa Keyna, escritora e pesquisadora, também com vasta experiência em curadorias nacionais.

A temática desta primeira edição é inspirada na obra do poeta abaetetubense João de Jesus Paes Loureiro, que defende o conceito do “dibubuísmo” amazônico, uma referência à relação estética e cultural entre as águas e os corpos que habitam este território.

De acordo com o diretor da Manaus Amazônia Galeria de Artes, Carlysson Sena, o marco da presença indígena na Bienal está dentro de contexto necessário para eventos de arte na Amazônia que devem reconhecer a presença destes artistas contemporâneos, não mais de forma pejorativa. “A Bienal das Amazônias é um avanço importante para o sistema da arte em nossa terra. Deve ser apoiada e incentivada por todos da Amazônia brasileira e ser a referência nacional quando falamos de arte contemporânea produzida na Amazônia”, destacou Carlysson.

Artistas da Manaus Amazônia Galeria

Para Duhigó, a mais experiente das artistas, ser escolhida para a Bienal das Amazônias tem um sabor especial, pois se trata de um reconhecimento “dentro da Amazônia”. “Eu estou muito feliz com essa escolha das minhas obras que falam da minha cultura Tukano, histórias do passado e do tempo da criação do mundo”, disse Duhigó. A artista é a veterana no sistema da arte amazonense, com obras suas em importantes acervos, como o do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Já Sãnipã, premiada em 2020 pela Bienal Naifs do Brasil, do SESC Piracicaba, vê a chegada de seu trabalho na Bienal das Amazônias como uma forma de reconhecimento de seu povo. “Meu trabalho é voltado para manter viva a cultura dos Apurinã e Kamadeni e estar na Bienal é uma forma de conquistar esse espaço”, afirma Sãnipã.

Para Iwiri-ki, estreante em grandes exposições o momento é de agradecer e renovar as energias para seguir em frente. “São tantas dificuldades na vida, mas quando recebemos uma boa notícia desta de que meu trabalho é visto e reconhecido pela primeira Bienal da Amazônia eu me sinto motivada, feliz e confiante no meu futuro”, explicou Iwiri-ki.

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