A Polícia Civil do Rio de Janeiro classificou os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes como um “crime que foge à regra”. O delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios, disse que as prisões dos suspeitos de serem o atirador e o motorista do veículo, efetuadas hoje, são apenas a “primeira fase” das investigações. “Nada está encerrado”, disse ele.
“O inquérito mostrava que estávamos diante de um crime que foge à regra”, complementou Lages. Para sustentar sua tese, o delegado citou fatos ligados aos assassinatos. Um deles é o de que os dois suspeitos presos hoje ficaram dentro do carro à espera de Marielle por duas horas.
O fato de eles não terem deixado o veículo fez com que não se conseguissem testemunhas que identificassem os suspeitos, como acontece em “80% dos casos de homicídio”, segundo o delegado. Além disso, o atirador, o policial militar reformado Ronnie Lessa, usava uma touca ninja. “[O caso] não seria solucionado por testemunha. Essa foi uma resposta simples, rápida”, disse Lages.
Ele também cita que a cena do crime mostra que ele era diferente do normal. Para o delegado, ao notar os disparos nos carros em movimento, percebe-se a presença de “um atirador diferenciado”.
As características do crime justificam as medidas sigilosas, segundo o delegado. “Sabíamos diante do que nós estávamos.” Ele diz que 230 pessoas foram ouvidas para tentar esclarecer o crime, que foi investigado por 47 policiais.
Uma nova etapa das investigações, agora, é apurar melhor o carro utilizado pelos suspeitos. O veículo era clonado, o que, segundo o delegado, requer uma outra investigação. “Só pra identificar que carro é esse.” O verdadeiro carro estava em outro local no Rio de Janeiro. A proprietário, uma cuidadora, estava trabalhando na noite de 14 de março. Dados do GPS apontam que este veículo estava estacionado no instante do crime.