No último domingo (18), o Brasil voltou os olhos para uma das mais graves violações dos direitos humanos: o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. A data, instituída oficialmente pela Lei Federal nº 9.970/2000, remete ao trágico caso da menina Araceli, de apenas 8 anos, assassinada em 1973 após sofrer violência sexual.
Cinquenta anos depois, o crime ainda ecoa como alerta sobre a urgência de proteger nossas crianças e adolescentes.
Em Manaus, ações de conscientização e prevenção têm sido intensificadas.
No Abrigo Monte Salém, que acolhe crianças em situação de vulnerabilidade, a assistente social Socorro Cerqueira destaca o trabalho contínuo com os acolhidos e a equipe técnica. “Nós realizamos palestras de orientação, oficinas e rodas de conversa. É fundamental falar sobre o assunto com todos, inclusive com as crianças, de forma respeitosa e adaptada à realidade de cada uma”, explica.
Segundo Cerqueira, os primeiros sinais de abuso podem passar despercebidos se não houver atenção dos adultos: “Mudanças de comportamento, distanciamento dos colegas, baixo rendimento escolar e medo excessivo são sinais de alerta. Cabe a todos – profissionais, pais, responsáveis e sociedade – estarem atentos”.
Ela reforça ainda os principais desafios enfrentados por quem atua na linha de frente: “É difícil entender todo o processo de mudança pelo qual a criança passa. Não é só o comportamento, mas também há reflexos físicos e o afastamento dos vínculos familiares e afetivos. A escuta qualificada é essencial para apoiar e proteger”.
A Presidente do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado do Amazonas (Sindsemp-AM), Wladia Maia, também reforça a importância da data como instrumento de mobilização social. “O 18 de maio é mais que simbólico: é um chamado à ação. É preciso denunciar, romper o silêncio e garantir que esses crimes não fiquem impunes”, afirma.
Tanto Cerqueira quanto Maia ressaltam que grande parte dos casos de abuso é cometida por pessoas próximas à vítima. “Infelizmente, os agressores costumam ser do convívio familiar. Por isso, é preciso orientar e alertar os pais para qualquer mudança no comportamento de seus filhos. Não podemos ser cúmplices. Denuncie e ajude a garantir o cuidado e a proteção dessas crianças”, reforça a assistente social.
As denúncias podem ser feitas de forma anônima por meio do Disque 100, 190 ou 127 ( Ouvidoria do MPAM), bem como diretamente no Conselho Tutelar.
Com informações da assessoria