O dólar à vista fechou a segunda-feira (19) cotado a R$ 4,7749 na venda, com baixa de 0,96%, no menor patamar de encerramento desde 31 de maio de 2022, quando terminou o dia valendo R$ 4,7542. Após uma leve alta na sessão anterior, a retração ante o real indica a visão positiva de investidores sobre o Brasil, motivada pela aceleração do crescimento, por causa do processo de queda da inflação e pela perspectiva de corte de juros.
A repercussão de mais uma redução nas projeções de inflação para este ano dominou o dia, somada às expectativas pela próxima decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), que deve ser divulgada na quarta-feira (21).
Na B3, às 17h14 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,88%, a R$ 4,7865.
Na sexta-feira (16), a moeda americana chegou a subir ante o real, interrompendo uma sequência de cinco sessões consecutivas de baixa, com alguns investidores obtendo lucros mais recentes.
Nesta segunda, no entanto, a moeda americana retomou a trajetória mais atual de queda já nos primeiros minutos de negócios, com investidores avaliando que o momento é de fato de alta do real.
Em um relatório distribuído nesta segunda-feira, o Goldman Sachs disse que o real está quase 5% mais forte que o dólar no acumulado do mês e avaliou que ainda haveria “muito espaço” para o avanço da moeda brasileira.
Ainda de acordo com essa instituição, o Banco Central deverá começar o processo de cortes da taxa básica de juros, a Selic, num futuro próximo, mantendo a taxa real no Brasil favorável à atração de investimentos.
“O movimento do câmbio no Brasil é impressionante”, comentou Wagner Varejão, especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos. “Nós conversamos com os gestores, e está todo mundo no viés de comprar real. O Brasil entrou numa conjuntura bastante positiva.”
Podem ser considerados como fatores que favoreceram esse cenário a inflação em queda, a aceleração do crescimento e a expectativa de controle da área fiscal. No relatório Focus divulgado nesta segunda, a mediana das projeções do mercado para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2023 passou de 5,42% para 5,12%. Em relaão a 2024, foi de 4,04% para 4%.
Além disso, o Focus passou a indicar algo que já vem sendo precificado na curva a termo nas últimas semanas: um corte de 0,25 ponto percentual da Selic a partir de agosto.
Para completar, o relatório apontou um aumento da expectativa de crescimento do PIB em 2023, de 1,84% para 2,14%.
“Toda essa dinâmica, de inflação mais baixa e PIB maior, aliada a um fiscal melhor que o previsto, tem trazido um fluxo grande de capital para cá”, falou Varejão.
De fato, os dados mais recentes do BC mostram que, de janeiro a abril deste ano, os estrangeiros aportaram no Brasil 22,713 bilhões de dólares líquidos, considerando-se investimentos diretos em ações, títulos, depósitos e derivativos.
Nesse cenário, o Goldman Sachs projeta um dólar a R$ 4,60 no horizonte de três meses e a R$ 4,40 em seis meses.
No exterior
O recuo do dólar ante o real nesta segunda-feira ocorreu a despeito de, no exterior, a moeda americana estar subindo na comparação com a maior parte das divisas de países emergentes ou exportadores de commodities. O dólar também avançava diante de uma cesta de moedas fortes.
Às 17h14 (de Brasília), o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas, subia 0,21%, chegando a 102,510.
No Brasil, pela manhã, o Banco Central vendeu 11,5 mil dos 16 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de agosto.