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ONG Lar de Vitórias acolhe crianças e adolescentes PCD’s em Manaus

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Manaus (AM) – Sobreviver em condição de vulnerabilidade social é, por si só, um desafio. Quando, além disso, há uma Pessoa com Deficiência (PCD) no contexto, os obstáculos são maiores. Dados do Censo Demográfico 2010, por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que o número de pessoas com deficiência no Amazonas cresceu 96,8% e atinge 23,2% da população.

É nesse momento em que as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) entram em cena, desempenhando um papel importante e agindo como uma peça fundamental na promoção da melhor qualidade de vida para essa parcela da população.

Lar de solidariedade

Atuando há 8 anos em prol de construir uma sociedade mais inclusiva e acessível, a Associação de Apoio Lar de Vitórias é uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, que atende gratuitamente crianças e adolescentes PCD’s e seus familiares. Localizada no bairro Japiim, Zona Sul de Manaus, oferece atendimentos especializados para 250 crianças com autismo, Síndrome de Down, microcefalia, hidrocefalia e outras comorbidades.

Indo de porta em porta, a história da Associação começou em 2017. Fundado pela administradora Jackeline Machado Kim, de 43 anos, o Lar de Vitórias nasceu fruto da sua vontade de espalhar a solidariedade e ajudar o próximo. Sem medir esforços e com muito amor no coração, Jackeline ressalta que decidiu iniciar as atividades da Associação em uma garagem. O início da ONG foi com doação de cestas básicas para famílias em vulnerabilidade social.

Atualmente, a equipe é formada por 25 profissionais entre psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais e pedagogos, além de 5 estagiários e outros 3 voluntários.

 

Fundadora Jackeline Machado Kim ao lado da primeira criança atendida pela ONG – foto: acervo pessoal

“A história do lar começou direto do coração de Deus ao meu. Não tenho filhos deficientes, mas não preciso ter para ajudá-los. Não medi esforços, comecei tudo em uma garagem e fui adaptando. Passei uns dois meses orando, pesquisei tudo sobre como ajudar o próximo e vi que as pessoas com deficiência sofrem muito. Saí batendo de porta em porta das residências perguntando se haviam crianças deficientes e encontrei 5 crianças”, explicou.

Por ser mestre em administração, a documentação para a formalização da Organização Não-Governamental (ONG) já estava completa. Atualmente, com 250 crianças com alguma deficiência beneficiadas pelos serviços oferecidos pelo Lar de Vitórias, a fila de espera por atendimento é grande: 90 crianças ainda não foram inseridas devido à capacidade limitada dos profissionais e do espaço.

As famílias, na maioria em vulnerabilidade social, também são acompanhadas por assistentes sociais e recebem uma cesta básica por mês, além de medicamentos, kits de higiene pessoal e fraldas. Durante o período de atendimento médico, que ocorre pelo menos uma vez por semana, as crianças e os acompanhantes também recebem café da manhã, almoço e lanche.

“Prestamos ajuda às famílias das pessoas com deficiência que, em sua maioria, estão em vulnerabilidade social. Muitas das mães dessas crianças são deixadas pelos maridos, então visitamos e levamos cestas básicas para ajudá-las. O trabalho que oferecemos é de grande importância para sociedade. Tem crianças que vem de longe e chegam com fome. Diante disso, distribuímos 3 refeições diariamente: café da manhã, almoço e lanche”, destacou.

Para serem beneficiadas com os serviços, cada uma das crianças passa por uma triagem com assistente social. Por meio da triagem, é analisado o perfil e a necessidade das crianças para que assim seja oferecido o atendimento especializado.

Foto: Acervo pessoal
Foto: Acervo pessoal

“Fazemos os cadastros com a assistente social, fazemos visita e verificamos a necessidade de cada uma das crianças. Por exemplo, a maioria dos autistas são não verbais, então antes de colocarmos em uma consulta com a fonoaudióloga, primeiro trabalhamos o comportamental da criança por meio de uma consulta com o psicólogo”, ressaltou.

Auxílio às mães

Além das consultas oferecidas para as crianças e adolescentes PCD’s, a Associação também promove o projeto Mãos Amigas, que é totalmente voltado para as mães solo que se encontram em vulnerabilidade social. O projeto presta assistência psicológica às mães por meio de rodas de conversas, onde são ouvidas por dois psicólogos.

“Nossos projetos são de frente para pessoas com deficiência, temos também Funcional Kids, no Olímpico Club, e agora estamos trabalhando com as mães que precisam muito de ajuda por meio do projeto Mãos Amigas”, comentou.

Durante a pandemia da Covid-19, os serviços oferecidos pela Associação não foram interrompidos. Os atendimentos continuaram a serem feitos de forma online e as cestas básicas eram entregues nas residências de cada uma das crianças PCD’s beneficiadas.

“Não paramos de forma alguma durante a pandemia. Fazíamos os atendimentos de forma online e entregávamos as cestas básicas só no portão. Quando ganhávamos verduras e frutas do Governo do Amazonas, as famílias vinham buscar aqui com a gente, mas tudo seguindo os protocolos exigidos, todos com máscaras, luvas, álcool em gel e tudo direitinho”, pontuou.

 

Foto: acervo pessoal

Exercendo as atividades com o apoio da Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), e do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Jackeline considera a parceria como algo essencial para o desenvolvimento do trabalho da Associação.

“Os nossos maiores parceiros são a Prefeitura e o Governo. O apoio deles é essencial e megaimportante para que o nosso trabalho seja melhor desenvolvido. O maior apoio vem por meio dos editais lançados para o Auxílio de cada OSC’s”, evidenciou.

Ações que mudam vidas

A pequena Alice Bianca da Silva, de 9 anos, é uma das crianças atendidas pelos serviços oferecidos pela ONG. A criança, que tem Síndrome de Down e deficiência congênita no pé direito, mais conhecida como Pé Torto Congênito (PTC), enfrentou dificuldades para encontrar um lugar que oferecesse os serviços necessários para o seu melhor desenvolvimento.

De acordo com a mãe da menina, Andreia da Silva de Souza, de 46 anos, os serviços de fonoaudiologia, psicologia e psicopedagogia oferecidos pela Associação de Apoio Lar de Vitórias foram fundamentais para o progresso da criança que apresentou desenvolvimento no comportamento e na fala.

“O trabalho do Lar de Vitórias foi essencial para a minha filha. Eu tentei terapia para ela em vários lugares e não consegui. Fui em várias Associações e ela chegou a ficar um ano na fila de espera. Não conseguia ir em lugar nenhum. Foi quando eu conheci o pessoal da Associação e lá eles abriram as portas para mim e para a minha filha. Ela começou a fazer “fono” e psicóloga lá uma vez por semana. Ela tem se desenvolvido muito bem, graças a Deus. O comportamento dela mudou bastante. Ela ainda não fala, mas já está bem perto de falar. Se não fosse eles, ela tinha regredido muito. Hoje em dia, ela é outra criança”, explicou.

A maternidade não é algo fácil, mas os desafios impostos por conta de alguma deficiência física torna a missão ainda mais desafiadora. Mãe solo de três filhos, Andreia ressalta ainda que as doações de cestas básicas disponibilizadas pelo Lar de Vitórias foram de ajuda extrema nos momentos em que mais precisou. Na ONG desde o início, Andreia não poupa palavrar para agradecer o auxílio oferecido.

“Estamos na ONG praticamente desde o começo e estamos vendo a evolução nos atendimentos, muita gente procurando atendimento. No início, nós ajudávamos como podíamos, levando café, açúcar, bolacha, e hoje, graças a Deus, a ONG consegue nos ajudar. Como a maioria de nós é mãe solo, qualquer ajuda é bem-vinda. Todas as doações que o Lar recebe são repassadas para nós e sou muito grata por isso”, comentou.

Para quem desejar ajudar no trabalho desenvolvido pela Associação de Apoio Lar de Vitórias pode entrar em contato através do número (92) 98136-9816 (Jackeline Machado Kim) em prol de doações de cestas básicas. Caso queira oferecer algum valor pode ser por meio do pix 21.929.495/0001-08 (CNPJ).

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