Aconteceu no último final de semana, a formatura da primeira turma de moradores de comunidades tradicionais ribeirinhas do Amazonas no curso de Tecnólogo em Gestão de Turismo da Universidade Nilton Lins.
No total, dez acadêmicos de comunidades das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro e Uatumã foram graduados no projeto de educação a distância desenvolvido pela Nilton Lins, em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), e apoio da Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH).
Durante a cerimônia na sede da instituição no bairro Parque das Laranjeiras, a Reitora Gisélle Lins Maranhão destacou que a proposta nasceu de um sonho comum a partir de articulações e da aproximação com a comunidade, empresas e com os próprios moradores.
Gisélle Lins acrescentou que a formatura desta primeira turma representa um estímulo e incentivo para a instituição promover e tornar realidade novos projetos no futuro.
“Cada vez que saímos além dos muros e chegamos nas pessoas mais distantes, estamos cumprindo nossa missão de educar a Amazônia e deixar um legado de tornar a educação sem limites e inclusiva. Esse é o papel da Universidade: chegar nos lugares mais distantes apesar das dificuldades físicas que a nossa região impõe, como as grandes distâncias e secas extremas, e hoje estamos mostrando que quando há esforço e vontade de todos é possível realizar”.
EMPREENDEDORES
O superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana, também reforçou o caráter histórico da formatura e a elaboração de um programa exclusivo para que empreendedores do turismo no interior do estado tivessem a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos com um curso universitário sem sair de suas comunidades.
“Juntamente com a Nilton Lins, que é pioneira na implantação do primeiro curso de Turismo no Amazonas, foi desenhado esse projeto que abre portas relevantes para que possamos ofertar outros cursos para esse mesmo público no futuro. Estamos sempre sonhando a frente e com a perspectiva de continuar a parceria com apoio da Louis Vuitton Moët Hennessy, com quem desenvolvemos uma série de programas e teve participação decisiva em questões como o apoio logístico”, afirmou Viana.
Representando o Governo do Amazonas na formatura, o secretário-executivo estadual de Ciência e Inovação, Jeibi Medeiros, destacou ainda a importância da formação acadêmica da turma e a participação da sociedade no plano de bioeconomia estadual. “O acesso ao ensino é fundamental e estaremos sempre apoiando iniciativas nesse sentido, como a graduação de moradores de comunidades tradicionais”.
ETNIAS
Entre os dez formandos, três acadêmicos são das etnias Baré, Tukano e Kokama. O artesão e professor Arnaldo Baré, morador da comunidade Terra Preta, explicou que apesar dos constantes apagões de energia na região, conseguiu superar as dificuldades e realizar o sonho do diploma.
“O curso me ajudou a ter uma visão empreendedora e agora vou trabalhar na comunidade para trazer esses benefícios e ir além do artesanato, mostrando aos turistas a riqueza da cultura Baré, das nossas comidas, idioma e também realizando eventos tradicionais”.
Morador da comunidade no Rio Cuieiras, Ronilson dos Santos, da etnia Tikuna, também pretende aplicar os conhecimentos do curso em um negócio próprio. “Foi um desafio que superamos e agora quero montar um negócio voltado para o turismo de base comunitária, como uma pousada e restaurante, para ampliar a renda e gerar empregos na própria comunidade”, acrescentou.
