Estão abertas as inscrições para duas oficinas gratuitas do Projeto Cultura Raiz: Olhares do Parque das Tribos, voltadas ao fortalecimento da cultura indígena através da qualificação profissional. Oficinas de Empreendedorismo Cultural e Cartas Caruanas (empoderamento feminino) acontecerão entre julho e setembro no Parque das Tribos, zona oeste de Manaus. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas através do formulário: https://forms.gle/hoa3t5cVac6ZjHzG9.

O projeto também oferece a Oficina de Fotografia com Celular, que já teve suas inscrições esgotadas e iniciou no Parque das Tribos no último sábado (03), proporcionando a jovens indígenas novas oportunidades de aprendizado e geração de renda.

O Projeto Cultura Raiz é uma iniciativa da Associação Zagaia Amazônia, em parceria com lideranças indígenas locais, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura – Governo Federal. A ação conta com patrocínio do Instituto Aegea e da Águas de Manaus.

Empreendedorismo cultural

A Oficina de Empreendedorismo Cultural, com início previsto para o dia 19 de julho, terá cinco encontros e abordará temas como gestão, inovação e liderança. O objetivo da formação é incentivar a criação de negócios que respeitem o meio ambiente e valorizem as expressões culturais indígenas.

A metodologia aplicada na oficina estimulará o pensamento crítico, a liderança, a inovação e a resiliência. Os participantes serão encorajados a identificar oportunidades de mercado para produtos culturais, aprendendo também sobre estratégias que promovam a diversidade cultural e respeitem as tradições locais.

Para Ricardo Tavares, vice-presidente da Associação Zagaia Amazônia, a atividade representa uma oportunidade concreta de preparar jovens lideranças para atuarem na economia criativa a partir de suas tradições e identidades culturais.

“A oficina de Empreendedorismo Cultural é urgente. É a oportunidade de preservar tradições ancestrais por meio da partilha de conhecimento em negócios de impacto dentro do contexto da economia criativa. Essa oficina permite preparar os jovens para assumirem papéis de liderança nos negócios criativos da comunidade e com olhar para o futuro de seu legado cultural”.

Oficina Caruanas

A Oficina Caruanas, com início agendado para 30 de agosto, também contará com cinco encontros e tem como objetivo proporcionar não apenas o empoderamento feminino indígena, mas também promover reflexões e práticas de autocuidado em um contexto de grandes desafios globais. A oficina nasce da compreensão de que o poder das mulheres, enraizado em sua cultura e ancestralidade, é também ponte para diálogos vitais sobre saúde, bem-estar e o papel das mulheres como agentes de transformação em suas comunidades.

Além de abordar a valorização da identidade e o combate à violência de gênero, a Oficina Caruanas também promoverá discussões sobre mudanças climáticas, destacando o protagonismo das mulheres indígenas na proteção do meio ambiente e na defesa de seus territórios.

Segundo Rozana Trilha, co-criadora da tecnologia social Caruanas e presidente da Associação Zagaia Amazônia, a ferramenta é um convite ao autoconhecimento. “A proposta é oferecer um espaço de troca, partilha de saberes e fortalecimento coletivo, unindo saberes tradicionais e temas contemporâneos para inspirar novos caminhos de resistência e autocuidado”, explicou.

Oficina de Fotografia com Celular

Além das oficinas de empreendedorismo cultural e empoderamento feminino, o projeto também oferece a Oficina de Fotografia com Celular, voltada para jovens indígenas. Primeira oficina do projeto a ser realizada, a formação teve início no último sábado (03), no Malocão, no Parque das Tribos.

A oficina aborda técnicas de fotografia com celulares, incentivando o registro da diversidade cultural do Parque das Tribos. As imagens produzidas durante a formação poderão ser comercializadas por meio do banco de imagens Amazônia Stock, o que pode gerar oportunidades de renda para os participantes.

Composta por 10 encontros, realizados aos sábados à tarde, o primeiro dia de capacitação contou com a turma completa, formada por moradores do entorno do Malocão e por jovens das comunidades Cristo Rei e Cidade das Luzes, que também integram a região do Parque das Tribos.

Na aula inaugural, os participantes foram introduzidos ao universo da produção fotográfica, compreendendo sua importância histórica e social. O conteúdo abordou desde a trajetória da fotografia na humanidade até a apresentação de referências visuais, incluindo fotógrafos clássicos e indígenas contemporâneos, como Kauê Terena, Jaciara Borari e André Guajajara.

A formação também incluiu noções iniciais de técnicas fotográficas, como uso da luz natural (luz de janela), fotometria, enquadramento e a regra dos terços. Ao final do encontro, os alunos realizaram pequenos exercícios práticos para aplicar os conhecimentos adquiridos.

Um dos momentos mais simbólicos da primeira aula foi a entrega dos celulares que serão utilizados pelos participantes ao longo da formação. A iniciativa garante igualdade de condições para todos os alunos, permitindo que possam aproveitar ao máximo o conteúdo técnico e prático oferecido.

“Uma das dificuldades em participar de um curso de fotografia com celulares é ter a certeza de que o equipamento utilizado é ideal para usufruir dos conhecimentos. Neste momento, pudemos disponibilizar os 20 celulares adquiridos para o projeto, que agora serão utilizados pelos participantes”, explica Ricardo Tavares, instrutor da oficina e vice-presidente da Associação Zagaia Amazônia.