A Refinaria da Amazônia (Ream), do Grupo Atem, prevê reabrir o parque de produção de petróleo refinado até junho deste ano, após mais de dez meses atendendo a demanda da região Norte com importação de combustíveis. Segundo a empresa, a paralisação foi necessária para realizar um trabalho de modernização que deve ajudar a reduzir custos, inclusive para os consumidores.
“Hoje atendemos todo o Estado, uma parte pela importação e outra ainda pelo Campo de Urucu. Nós estamos fazendo um processo de modernização nas linhas de produção da refinaria e brevemente estaremos reabrindo o parque de produção de petróleos [refinados]”, disse à reportagem o diretor de relações institucionais do Grupo Atem, Antônio Sampaio.
Segundo ele, o investimento deve refletir diretamente na redução dos custos, já que se pretende aumentar a produção. Atualmente a Ream tem capacidade de processamento de 7,3 milhões de litros de petróleo por dia, ou, 46 mil barris por dia.
“Eu acredito que a medida em que nós tenhamos maior produção, consequentemente, se há maior produção, o preço tende a cair. Seria por esse caminho que a população pode se beneficiar com a maior produção”, pontuou.
De acordo com Antônio Sampaio, a expectativa é que a produção seja retomada ainda neste semestre, ou seja, até junho. Atualmente, a Ream acumula mais de dez meses com o parque desta forma.
Em janeiro, o CEO do Grupo Atem, Fernando Aguiar, afirmou ao Estadão que a capacidade de produção continuará a mesma, mas as instalações de tancagem e as torres de processamento do petróleo estão passando por uma “reforma profunda”, disse.
‘Nunca aconteceu’
Diretor-executivo do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas (Sindipetro-AM), Marcus Ribeiro afirma que, em mais de 14 anos de atuação no setor, nunca viu “uma refinaria ficar parada por tanto tempo para manutenção”.
“É preocupante, porque nunca na história do refino do nosso país uma refinaria ficou tanto tempo parada. Isso preocupa, porque sabemos da importância que tem a refinaria para a geração de empregos e, principalmente, para processar um petróleo que é nosso, o de Urucu”, disse.
Ribeiro ressalta que o sindicato procurou a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e o Ministério de Minas e Energia (MME), mas não obteve respostas satisfatórias sobre a questão.
“A gente vem cobrando dos órgãos fiscalizadores uma atuação a respeito disso. Há duas semanas tivemos uma notícia boa, que uma das três unidades de processamento do petróleo de Urucu entrou em 50% de operação. Vamos aguardar o que vai vir”, comentou o sindicalista.
Evento tem programação até quinta
A programação do evento deve se estender nesta quarta-feira, com painéis sobre perspectivas para a produção, transporte e distribuição de gás natural; perspectivas e desafos para expansão e aumento da competitividade nos segmentos de óleo, gás e energia; e oportunidades para desenvolvimento da cadeia de fornecedores para o setor de petróleo, gás e energia na Zona Franca de Manaus (ZFM).
Também é esperada a participação do governador Wilson Lima (União) às 17h, sobre ‘óleo, gás e energia’ como novos indutores do desenvolvimento no Amazonas.
Já na quinta-feira, último dia de evento, os painéis serão sobre as atividades de óleo, gás e renováveis como indutoras de desenvolvimento socioeconômico local; perspectivas, oportunidades e desafios da logística, produção e distribuição de derivados no Amazonas; lideranças femininas em empresas de petróleo, gás e energia; e exploração e produção de petróleo, gás e mineração na Amazônia.
Secretário diz que setor é estratégico
No evento ‘óleo, Gás & Energia’, o titular da Semig, Ronney Peixoto, reforçou a importância dos debates em um estado que enxerga no setor de energia, gás e mineração um novo modelo econômico alternativo ou complementar à Zona Franca de Manaus.
“Esse é um evento que marca, pela segunda vez, o trabalho que vem sendo realizado pelo governador Wilson Lima para fortalecer cada vez mais o segmento de energia e gás no Amazonas como alternativa de indução de desenvolvimento para o nosso estado”, afirmou.
Peixoto ressaltou que a programação foi ampliada em comparação à edição anterior, com exposição de empresas, podcasts, amostra da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) sobre pesquisas relacionadas e rodada de conversas para fortalecer o networking de empresas.
Questionado sobre como a transição energética será abordada no evento, considerando que o tema é visto como central nos debates do setor, Ronney Peixoto afirmou que a questão é intrínseca às discussões no Amazonas.
“O nosso estado faz transição energética todos os dias. Isso é um processo de chegar a combustíveis menos fósseis. O Amazonas tem feito isso com o gás e outras fontes de energia. É um tema que está muito presente no evento. Não conseguimos diferenciar transição energética e sustentabilidade de grandes empreendimentos. Hoje não podemos ter nenhum empreendimento se não houver um alto nível de preocupação ambiental”, pontuou.
A edição da conferência em 2024 reuniu mais de 600 participantes de 15 anos e foi palco de 133 reuniões que geraram uma estimativa de R$ 4,3 milhões em negócios, conforme a organização do evento.
Com informações de Portal A crítica.