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Tensão na Ásia aumenta após Coreia do Norte disparar 23 mísseis

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A tensão na Ásia atingiu um nível nunca antes visto desde 1953, depois de a Coreia do Norte lançar 23 mísseis de diversos pontos e em várias direções e disparar cerca de 100 projéteis de artilharia contra uma área de fronteira marítima. Seul acusou Pyongyang de “invasão territorial” pelo fato de um dos mísseis ter caído a 57km da costa sul-coreana. Caças da Coreia do Sul revidaram e dispararam três mísseis ar-terra sobre a linha de demarcação marítima. Os dois países estão tecnicamente em guerra há 69 anos, após um conflito sangrento deixar 2,5 milhões de mortos.

“A provocação da Coreia do Norte constitui, de fato, uma invasão territorial com um míssil que cruzou a linha de fronteira norte pela primeira vez desde a divisão da Península Coreana”, afirmou nota do gabinete do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol. Na noite de ontem, outro míssil norte-coreano foi disparado em direção ao Oceano Pacífico.

Por meio de Pak Jon Chon, funcionário de alto escalão do regime de Kim Jong-un, a Coreia do Norte condenou os exercícios militares conjuntos que envolvem forças sul-coreanas e norte-americanas. “Se os EUA e a Coreia do Sul pretendem usar as forças armadas contra a República Popular Democrática da Coreia (RDPC) sem medo, os meios especiais das forças armadas da RPDC mobilizarão sua missão estratégica sem demora”, assegurou. “Os Estados Unidos e a Coreia do Sul enfrentarão uma situação terrível e pagarão o preço mais horrível da história.”

Artilharia

Segundo o jornal The Washington Post, ao menos três mísseis norte-coreanos partiram da cidade portuária de Wonsan (nordeste) por volta das 8h51 de ontem (20h51 de terça-feira em Brasília). Um deles por pouco não caiu sobre Sokcho, uma cidade costeira da Coreia do Sul famosa pelos frutos do mar e de 80 mil habitantes. A rajada de tiros de artilharia levou as autoridades sul-coreanas a acionarem um raro alerta antiaéreo para a Ilha de Illeungdo (leste), às 8h55, e a pedir que os moradores buscassem proteção em bunkers subterrâneos. As sirenes soaram por cerca de 20 minutos.

O Exército de Seul admitiu a gravidade da ameaça à sua soberania, ao qualificar o lançamento dos misseis como “altamente incomum e intolerável”. A agência de notícias France-Presse informou que os três mísseis ar-terra foram disparados logo depois pela Coreia do Sul próximo ao ponto onde o controverso projétil norte-coreano havia caído. “Esses mísseis caíram perto da linha limítrofe norte, a uma distância correspondente à área onde o míssil do Norte atingiu”, afirmou nota do Exército sul-coreano.

Ainda de acordo com as forças de Seul, Pyongyang disparou um total de sete mísseis balísticos de curto alcance e 16 outros mísseis, incluindo seis mísseis terra-ar. O presidente sul-coreano convocou uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional para discutir o incidente e ordenou uma “resposta rápida e severa” a essas “provocações”.

As autoridades da Coreia do Sul também cancelaram as rotas aéreas sobre o Mar do Japão, a leste da península, e recomendaram que as companhias aéreas locais desviem suas aeronaves para “garantir a segurança dos passageiros nas rotas para os Estados Unidos e o Japão”.

De acordo com o analista Cheong Seong-chang, do Instituto Sejong, esses disparos do Norte são a “manifestação armada mais agressiva e ameaçadora contra o Sul desde 2010”. Em março daquele ano, um submarino norte-coreano torpedeou um navio sul-coreano, matando 46 tripulantes, 16 dos quais cumpriam o serviço militar obrigatório. Em novembro daquele mesmo ano, Pyongyang bombardeou uma ilha fronteiriça sul-coreana, matando dois jovens marinheiros.

“Tempestade Vigilante”

Os disparos ocorrem em meio às maiores manobras conjuntas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, apelidadas de Storm Watcher (“Tempestade Vigilante”), envolvendo centenas de aviões de guerra de ambos os lados. O regime de Kim Jong-un compara os exercícios militares à Operação Tempestade no Deserto — a ofensiva dos Estados Unidos de 1990-1991 no Iraque em resposta à invasão do Kuwait.

O isolado governo dinástico e comunista da Coreia do Norte, dotado de capacidade nuclear, realizou uma série recorde de testes de armas este ano. Seul e Washington acreditam que Pyongyang esteja preparando um novo teste nuclear, que seria o primeiro desde 2017.

 

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