EUA – Entrando em seu 14º dia, a caçada da polícia norte-americana ao brasileiro Danilo Cavalcante, que escapou da Penitenciária do Condado de Chester em 31 de agosto, está deixando a população tensa. E alguns moradores da região decidiram inclusive caçar por conta própria o homem condenado à prisão perpétua por matar a ex-namorada Deborah Brandão com mais de 30 facadas.
Conforme relato de Luís Claudio Del Papa, natural de São Paulo e que trabalha em uma empresa de tecnologia na cidade de Filadélfia, capital do estado da Pensilvânia, “há uma grande desconfiança da população em relação à polícia”. “Todo mundo achava que ele seria capturado muito rápido. Mas foi passando o tempo e as pessoas começaram a questionar se ela [a polícia] está fazendo o trabalho certo”, disse Del Papa.
A demora para recapturar o brasileiro também tem deixado tensa a população, que precisa lidar com restrições para ir aos supermercados e com escolas fechadas — medidas adotadas para restringir a circulação de pessoas e também para facilitar a identificação do presidiário em fuga. “Isso está afetando o dia a dia. As crianças não vão para a escola, as pessoas não podem sair de casa, vai deixando todo mundo nervoso”, acrescenta.
O resultado, acrescenta o brasileiro que vive há cerca de cinco anos na Pensilvânia, é que algumas pessoas incomodadas com a situação — e armadas — decidiram sair às ruas para tentar encontrar Danilo Cavalcante. “Aqui é muito fácil adquirir arma, tem muita gente armada. E essas pessoas acham que, já que a polícia não está fazendo o trabalho dela, elas podem sair de casa e fazer o trabalho das autoridades.”
“É muito complicado isso, tem gente de scooter com fuzil na mão, indo pra cima e pra baixo tentando perseguir o cara”, relata Del Papa, que destaca que a polícia local é contra a participação da população na busca pelo brasileiro foragido.
A polícia da Pensilvânia, inclusive, condenou a participação popular na busca pelo fugitivo. Em entrevista coletiva, o tenente-coronel George Bivens, da polícia da Pensilvânia, afirmou que os cidadãos que participam da busca não têm autoridade e podem enfrentar consequências legais.
“Eles não estão nos ajudando de forma alguma e, de fato, se tornam um obstáculo”, disse Bivens em uma coletiva de imprensa na segunda-feira. “Alguns de nossos recursos têm que ser desviados em momentos em que eles se inserem em uma cena. Não é útil, eu gostaria que eles não fizessem isso, eu pedi que não fizessem. Mas eu não posso impedi-los, em alguns casos, de fazer isso.”
Esse é um problema com o qual a polícia local terá que lidar até Danilo Cavalcante ser recapturado ou morto pelas autoridades americanas.