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Encontro do jazz com rap nacional e homenagem a Dom e Bruno marcam show do Amazonas Green Jazz Festival

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A terceira noite do Amazonas Green Jazz Festival levou ao palco do Teatro Amazonas a versatilidade do jazz com o show do grupo Marcelo Coelho e McLav.In. Junto com dois grandes nomes do rap nacional, Kamau e DJ Raffa Santoro, os músicos mostraram como jazz e o rap podem se alinhar com maestria. 

Residente em São Paulo, Marcelo Coelho é saxofonista, compositor, educador e pesquisador na área musical. O grupo Marcelo Coelho e McLav.In, formado por Saulo Martins (piano), Glécio Nascimento (contrabaixo) e Abner Paul (bateria) explora a interdisciplinaridade entre a música e a literatura, criando diferentes texturas sonoras. 

“O McLavin.In é um grupo de jazz progressivo, envolve não só elementos musicais distintos, mas também diferentes texturas. Na nossa música, você ouve efeitos eletrônicos, pedais e vários outros recursos sonoros. Justamente por ter esse caráter que a nossa música está aberta à integração com outros gêneros musicais”, explica Marcelo Coelho.

Foi nesse intuito que surgiu o encontro inédito de Marcelo com dois expoentes do rap nacional: o rapper Kamau, considerado um dos pioneiros da cena hip hop no país e inspiração para rappers como Emicida e Rashid, além de possuir um viés musical mais voltado para o Jazz; e o DJ Raffa Santoro, famoso produtor musical de rap e hip hop, filho do célebre compositor amazonense, Cláudio Santoro, e figura fundamental para a inserção de Brasília no circuito do hip hop brasileiro. 

“A combinação entre os gêneros não é nova. Ambos vieram do gueto, têm uma abertura muito grande para improvisação em tempo real e há uma admiração mútua entre rappers e jazzistas. Porém, é relativamente novo aqui no Brasil o que estamos propondo”, complementa o saxofonista. 

Para Marcelo, o Amazonas Green Festival foi a oportunidade perfeita para o encontro acontecer dada a importância do evento para a cena cultural do jazz no Brasil. “O jazz tem essa abertura, ele tem essa capacidade de mescla e o festival tem um papel importante para a integração de novos ritmos, à medida que os músicos de outros lugares tem contato com os músicos amazonenses e vice-versa e há um interesse mútuo no som que é produzido, a partir daí começa essa mistura”, finaliza Marcelo.

Um dos momentos marcantes do espetáculo aconteceu no início do show, quando o DJ Raffa Santoro apresentou um áudio inédito, que só a família tem, do seu pai, o compositor Cláudio Santoro falando sua relação com a música. Junto com o áudio, Raffa apresentou um set especial e emocionante. 

Contagiando a plateia presente no espetáculo, os músicos entregaram uma performance que costurou os ritmos em um só e recebeu com grande interação do público. Em seu ato de encerramento, a apresentação trouxe uma homenagem para o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, assassinados em junho durante viagem à terra indígena Vale do Javari. 

A música tocada pelos artistas foi uma composição de Marcelo Coelho baseada no poema de Gonçalves Dias, I-Juca-Pirama, um dos mais famosos poemas do Romantismo Brasileiro que narra os últimos momentos de vida de um guerreiro indígena, a performance foi marcada pela inserção de trechos de áudios de manchetes jornalísticas que relatavam o que havia acontecido com Bruno e Dom.

Mais sobre o festival

Além dos shows no Teatro Amazonas, o festival também está oferecendo palestras e workshops gratuitos com os artistas nacionais e internacionais. A programação completa está disponível no site: www.amazonasgreenjazzfestival.com.br

O Amazonas Green Jazz Festival tem patrocínio master do Instituto Cultura Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, apoio da Embaixada dos Estados Unidos, e o hotel oficial é o Juma Ópera.

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