Início Política Especialista questiona efeito eleitoral do pacote de benefícios liberado nesta semana

Especialista questiona efeito eleitoral do pacote de benefícios liberado nesta semana

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Os efeitos eleitorais do pacotão de benefícios sociais, que começou a ser pago pelo governo federal, são “superestimados” na avaliação do analista político Afrânio Soares. nesta terça-feira (9),  foram liberados os pagamentos do Auxílio Brasil, Auxílio Caminheiro e Auxílio Gás. 

As medidas são consideradas pela equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL) como a  “virada” nas pesquisas eleitorais. Em todas, até agora, ele aparece em segundo colocado, atrás de Lula, candidato à Presidência pelo PT. Os auxílios alcançam tanto classes que tradicionalmente apoiam Bolsonaro, quanto  nichos onde ele possui baixo desempenho.   

“Alguns deles devem ser provavelmente retirados logo após o fim das eleições, justamente após fazer o efeito desejado para eleições que é justamente sanar a rejeição do presidente. O que é difícil acontecer logo só por causa disso e toda a rejeição venha ser minimizada, mas claro que não deixa de ser visto por muitos como um gesto simpático e por outros como um gesto eleitoreiro”, afirmou Afrânio Soares, que é diretor presidente da Action Pesquisas.
 
O benefício pago aos caminhoneiros, por exemplo, busca atenuar, em caráter emergencial,  o rombo no orçamento destes profissionais por conta aumento do diesel. Os membros da categoria que tem boa parte das lideranças nacionais conhecidas pela defesa do bolsonarismo, receberá seis  parcelas de R$ 1 mil até dezembro. Ontem começaram a ser liberadas duas delas no total de R$ 2 mil referentes a julho e agosto.

Pagamento

Já as famílias de baixa renda receberão neste mês a primeira parcela do Auxílio Brasil com o valor de R$ 600. O total de beneficiários atendidos pelo programa subiu para  20,2 milhões. O valor do Auxílio Gás também aumentou e passa a cobrir não mais 50% do preço  de uma botija de 13 quilos, mas o total de R$ 110.  Todas as medidas, segundo a lei promulgada pelo Congresso Nacional, tem validade  até dezembro deste ano.  

“Historicamente a gente sabe que isso deve ajudar, mas a pergunta é: quanto vai ajudar e qual será a reação dos adversários? Você imagina por exemplo se algum dos adversários dizendo que o auxílio é pouco e se fosse ele no poder seria um auxílio maior. Então seria um verdadeiro leilão de opiniões em cima do valor de um auxílio”, disse o analista político.

Afrânio Soares ainda vê outro revés dessa decisão para além da retórica que pode ser utilizada pelos adversários. Segundo ele, pessoas que não tiveram os problemas tendidos pelo governo federal, como quem vivenciou enchentes, ou mesmo quem ficou desempregado ao longo da pandemia podem considerar a medida ‘desbalanceada’ por ser um ano eleitoral.     

“Antigamente você não poderia fazer isso em ano eleitoral. Isso claramente é um ‘desbalanço’, porque só quem está no poder que tem condições de fazer isso com ajuda da máquina [pública]. Efeito sempre tem, mas alguns superestimam o efeito achando que basta um movimento como esse para inverter todas as posições e para reverter todas as taxas de rejeição, não é bem assim”, concluiu Afrânio Soares.

A economista Denise Kassama ressalta que os benefícios têm cunho eleitoral, mas a população necessita de auxílio devido ao avanço da pobreza.

“A gente não  deixa de achar que é uma medida eleitoreira e de fato é, mas a gente não pode negar que a população está passando muita necessidade com o aumento da pobreza, da pobreza extrema, a redução da renda. Boa parte desse recurso já está corroído pela inflação o que diminuiu o poder de compra dele significativamente, mas as pessoas estão passando fome e qualquer ajuda é válida. Vemos nas ruas de Manaus, e em outras metrópoles não é diferente, pessoas pedindo dinheiro. Não apenas venezuelanos. Tem muitos amazonenses pedindo dinheiro. Mesmo corroído, mesmo sendo eleitoreiro não deixa de vir em uma hora necessária. Deveria vir muito antes na verdade”, disse.

Taxistas

No próximo dia 16, será a vez dos taxistas receberem o benefício emergencial pago pelo governo federal. Eles também ganharão de uma vez duas parcelas (julho e agosto) de  R$ 1 mil cada uma. O valor final dependerá da quantidade de taxistas que demandarem o benefício. 

No Amazonas, os municípios de Silves, Rio Preto da Eva, Manacapuru, Presidente Figueiredo, Parintins, Boca do Acre, Itapiranga, São Gabriel da Cachoeir, Careiro e Manaus já entregaram a lista de taxistas cadastrados. 

Caso haja mais profissionais que o previsto, o valor para cada um ficará menor. A terceira parcela será paga em 30 de agosto. Terão direito ao benefício os motoristas de táxi registrados nas prefeituras, titulares de concessões ou alvarás expedidos até 31 de maio. Não será necessária qualquer ação por parte dos taxistas. Em caso de dúvida, o motorista deve entrar em contato com a prefeitura para verificar o cadastro municipal. A prestação das informações caberá inteiramente às prefeituras (ou ao governo do Distrito Federal, no caso da capital federal).

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