A ex-deputada Flordelis dos Santos de Souza foi condenada a cumprir 50 anos e 28 dias de reclusão pela morte do ex-marido, o pastor Anderson do Carmo. A pena pelo homicídio triplamente qualificado deve ser cumprida em regime inicialmente fechado, conforme determinação do Tribunal do Júri de Niterói (RJ).
A decisão afirma que a execução de Anderson do Carmo ocorreu de forma cruel e por motivo torpe, sem a possibilidade de defesa da vítima. “A ação criminosa evidencia, portanto, verdadeira e bárbara execução”, destaca a sentença.
Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, também foi condenada pelo assassinato e deve cumprir 31 anos, quatro meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado.
André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva, filhos afetivos da ex-deputada, e Rayane dos Santos Oliveira, filha adotiva de Simone e André, foram absolvidos das acusações. Outros cinco réus já haviam sido condenados anteriormente por envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo.
O julgamento de Flordelis, que teve início na última segunda-feira (7), teve duração de sete dias e terminou com a oitiva da ex-deputada. No depoimento, ela relatou ter sido vítima de agressões do ex-marido e afirmou que a morte de Anderson do Carmo foi motivada por abusos.
“Meu marido só sentia prazer se me machucasse”, comentou Flordelis sobre a agressividade do ex-marido na intimidade e alegou não ter apresentado nenhuma denúncia por vergonha. Ao ser questionada sobre quem matou o pastor, a chorou, negou as acusações de tentativa de envenenamento da vítima e disse que não poderia acusar ninguém pelo assassinato.
Denúncia
O Ministério Público afirma que Flordelis foi a responsável por planejar o homicídio do marido, além de ter convencido o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio (roubo seguido de morte).
A denúncia alega ainda que ela teria financiado a compra da arma utilizada no crime e avisado sobre a chegada de Anderson do Carmo no local em que ocorreu a execução.
Segundo as investigações, o crime teria sido motivado porque a vítima mantinha rigoroso controle das finanças familiares e administrava os conflitos de forma rígida, sem permitir tratamento privilegiado às pessoas mais próximas da ex-deputada.
A acusação cita ainda tentativas de homicídio anteriores, com a administração de veneno na comida e bebida da vítima, ao menos seis vezes, sem sucesso. Os réus respondem também por associação criminosa.