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Galeria do Largo recebe primeira exposição individual de Duhigó

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Manaus – Na última terça-feira (10), a Galeria do Largo, na rua Costa Azevedo, 290, no Centro de Manaus, abriu a exposição “Miriã Sutiri – Máscaras de Pássaros”, com obras da artista Duhigó, do povo Tukano, de São Gabriel da Cachoeira (a 862 km de Manaus). A exposição individual iniciou às 19h, com entrada gratuita, e vai até 18 de fevereiro de 2024.

“Miriã Sutiri – Máscaras De Pássaros” tem o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, em parceria com a Manaus Amazônia Galeria de Arte, representante da artista. Nas telas, a artista evoca a força dos mitos do povo Tukano e resgata a sua memória, contando histórias através de tintas, grafismos, formas e pinceladas únicas das 12 máscaras apresentadas na mostra. A curadoria da exposição é do artista Denilson Baniwa.

Duhigó é uma artista indígena, nascida em Paricachoeira, aldeia no município de São Gabriel da Cachoeira, região do Alto Rio Negro, no Amazonas. Mora em Manaus desde 1995. Concluiu o curso de Pintura na Escola de Arte do Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura da Amazônia, em 2005, tornando-se a primeira indígena da etnia Tukano a se profissionalizar nas artes visuais.

Em suas telas, a pintora expressa, principalmente, a cultura ancestral da Amazônia na cosmovisão indígena. Também costuma representar em seus trabalhos, o cotidiano próprio das “nações” indígenas, seus artefatos e elementos mitológicos. Sua prioridade é registrar a memória dos índios Tukano, assim como a natureza amazônica presente em sua memória afetiva.

“Estou muito feliz de receber esse reconhecimento do estado e trazer minhas máscaras, que são meu imaginário e, das coisas que via na minha infância que os mais antigos contavam. Essa sou eu, esse é meu trabalho. Eu quero que as pessoas que estudam, que colecionam e que são Tukano como eu, possam conhecer mais da nossa cultura indígena”, declara Duhigó.

Para o curador da exposição, Denilson Baniwa, as obras da artista reescrevem a história dos territórios, guardada na memória de cada indígena desde o início dos tempos. “Duhigó, de posse de seus pincéis, tintas, tela e lembranças, exercita a reescrita da história do povo Yepa Mahsã, ou Tukano, como ficou popularmente conhecido este povo da fronteira do Brasil com a Colômbia. Consequentemente, a repetição de memórias também nos ajuda a compreender como povos indígenas foram amputados de sua memória coletiva ao longo da história”.

O galerista Carlysson Sena ressalta que a iniciativa representa um marco na trajetória da artista indígena, que irá expor as suas obras em um ambiente que imprime a sua personalidade. A artista decorou as paredes da Galeria do Largo com grafismos do povo Tukano.

“Essa exposição individual de Duhigó vem coroar a sua maturidade artística de 18 anos de carreira e o posicionamento dela no cenário nacional como a artista indígena amazonense de maior relevância na contemporaneidade”, destaca Carlysson, representante da artista pela Manaus Amazônia Galeria de Arte.

Além disso, Duhigó presenteia o Amazonas com um momento único em sua trajetória artística, pois neste mês de outubro ela participa de exposições coletivas em Londres, na Ruby Cruel Gallery e em São Paulo, na Aura Galeria e em “Histórias Indígenas”, maior exposição deste ano do Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), que reunirá obras de 170 artistas indígenas de todo mundo.

Sobre Duhigó

Desde 2005, Duhigó possui uma contínua produção artística que já lhe rendeu exposições no Brasil e no exterior. Em 2021, a sua obra Nepũ Arquepũ passou a pertencer ao acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, por meio da doação de Mônica e Fábio Ulhoa Coelho, tornando Duhigó a primeira artista indígena do Amazonas a compor o acervo do mais importante museu da América Latina e do Hemisfério Sul. Ainda em 2021, lançou o primeiro portfólio audiovisual de uma artista indígena Tukano da Amazônia, por meio do Edital da Lei Aldir Blanc, via Governo do Amazonas e disponível no YouTube da Manaus Amazônia Galeria de Arte.

Em 2022, Duhigó foi procurada por acadêmicos, doutorandos, mestrandos e pesquisadores para registrar suas produções artísticas, por meio de linhas diversas de estudos científicos. Entre agosto e outubro, participou da mostra Histórias Brasileiras, no MASP, com uma obra em pintura intitulada: “Autorretrato de Duhigó”, em tamanho real da artista. A obra também foi doada ao MASP, ao final da exposição, pelo casal Mônica e Fábio Ulhoa Coelho.

Além disso, a convite do Mastercard Brasil, suas obras ambientam a temporada Amazônia do restaurante e bar Espaço Priceless Mastercard Notiê e Abaru, no rooftop do Shopping Light, Centro de São Paulo.

Recentemente, Duhigó aceitou o convite da Aura Galeria em uma parceria com a Manaus Amazônia Galeria de Arte para apresentar uma coleção de obras inspiradas em sua ancestralidade, cotidiano e elementos de representatividade de seu povo Tukano na sua primeira feira de arte em São Paulo, a SP-Arte “Rotas brasileiras”. Depois vieram mais uma edição da SP-Arte e ArteRio de 2023.

Em novembro de 2022, Duhigó entrou para o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, após aprovação do conselho curador e de patronos do museu, com a obra em acrílica sobre tela, Máscara de Ritual I, de 2010.

Fotos: Emerson França

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