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Seca histórica: Vanda Witoto cobra ações efetivas das autoridades

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Manaus enfrenta a maior seca de sua história, e a liderança indígena Vanda Witoto se posiciona, mais uma vez, cobrando das autoridades locais uma resposta efetiva para a crise climática que se agrava a cada ano. Nesta sexta-feira (4), o Rio Negro atingiu 12,66 metros, seu menor nível em mais de 120 anos de medições, superando os 12,70 metros registrados em outubro de 2023. O Rio Solimões, um dos maiores afluentes do Amazonas, também enfrenta uma seca histórica, afetando diretamente as comunidades ribeirinhas que dependem dos rios para alimentação, transporte e sustento.

Para Vanda Witoto, a inércia das autoridades é a principal responsável pela intensificação da crise. “Manaus é uma das poucas cidades brasileiras que possui uma Política de Combate às Mudanças Climáticas. Instituímos uma lei em 2010 para o enfrentamento da crise climática, mas, 14 anos depois, nada foi feito. Foi preciso chegarmos a uma seca histórica em 2023 para que a prefeitura finalmente criasse um Comitê. No entanto, até agora, ele não possui participação da sociedade, e nenhum plano de ação foi elaborado”, criticou Vanda.

A Política Municipal de Combate ao Aquecimento Global e às Mudanças Climáticas, promulgada em 2010, foi uma resposta à segunda maior seca da história do Rio Negro. Hoje, diante da pior seca já registrada, Witoto denuncia que o Comitê Municipal de Mudanças Climáticas não apresentou sequer um esboço de ações. “Em agosto desse ano, estivemos na Câmara Municipal de Manaus para cobrar da SemmasClima uma resposta. Vimos um PowerPoint de quatro slides sem nenhuma estratégia ou ação concreta. Isso é preocupante”, afirmou a ativista.

A liderança indígena também destacou o contraste da situação climática com a falta de infraestrutura e planejamento sustentável em Manaus, que, apesar de estar no coração da Amazônia, é a segunda cidade menos arborizada do Brasil. “Estamos falando da capital da Amazônia, onde o verde deveria estar integrado à cidade, mas Manaus sofre com urbanização desordenada e falta de áreas verdes. Isso agrava ainda mais os impactos do calor e da crise climática.”

Vanda Witoto criticou duramente a falta de ação dos governantes diante das constantes crises climáticas. “As autoridades parecem esperar por cada seca histórica ou tragédia climática para criar políticas paliativas que apenas dão respostas imediatas, mas não resolvem o problema na raiz. Não estamos nessa situação por acaso, mas sim pela inércia de quem deveria nos proteger”, desabafou. “Enquanto isso, quem sofre são os ribeirinhos, os moradores da zona rural, as pessoas que precisam do rio para sobreviver e se locomover. Também são os que pegam ônibus sob o sol escaldante e moram nas periferias, sofrendo com a infraestrutura precária.”

Para Witoto, o tempo para agir está se esgotando. “Seguimos sofrendo, mas eu continuo cobrando: cadê o plano? Manaus não tem um plano”, afirmou a ativista, que tem se destacado na luta por justiça climática e por ações concretas para mitigar os impactos da crise ambiental na Amazônia.

Com informações da assessoria

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